Ir.’. Sebastião Roberto Bressan, Gr.’. Orad.’.,32º
Sereníssimo Grão-Mestre, Veneráveis Mestres, meus Irmãos,
Nesta semana completamos mais um ciclo solar com a chegada da Primavera. Com ela, novos planos são traçados e a esperança, assim como a natureza, é renovada. Vamos, pois, dar as boas vindas à estação vernal.
Sob os olhos d’Aquele que Tudo Vê, a nossa GLEB, sob a batuta do nosso Ser.’. G.’. M.’. e com o apoio de abnegados Irmãos, rompeu barreiras e alcançou metas até então impensáveis. Percalços foram encontrados, mas nada impediu a caminhada. Com certeza, mais teria sido feito não fora a persistência da pandemia provocada pela Covid-19 que muito isolou os membros da comunidade maçônica. Paulatinamente, contudo, retornaremos aos templos para nossas práticas ritualistas e o abraço amigo, fortalecedores que são dos nossos laços afetivos, fraternais e espirituais.
Para não me tornar repetitivo nessa apresentação, passei uma vista nos textos apresentados aos Irmãos em Assembleias anteriores comemorativas do Solstício de Primavera. Naquelas oportunidades – três, por sinal – debruçamo-nos sobre a importância desta celebração para a Maçonaria mundial, chamando a atenção para os aspectos históricos e os fundamentos esotéricos e exotéricos da celebração desta data em nossa Ordem. Longe de exaurir o tema, creio que o essencial – pelo menos sob a minha ótica – tenha sido enunciado. Dentre todo o conteúdo apresentado, considero como um dos mais importante os chamamentos que fizemos à reflexão, convites que se repetiram para que fizéssemos uma viagem para dentro de nós mesmos como um meio de melhor entender nosso papel, como maçons que somos, na sociedade em que vivemos.
E esse tema continua atual, pois a reflexão deve ser uma constante em nossas vidas e os compromissos assumidos como maçons imutáveis.
Para marcar o giro das estações no percurso do zodíaco podemos usar o exemplo de um pêndulo imaginário. É nos equinócios – noite igual – que sua ponta passa pelo marco zero entre os solstícios. O ponteiro está, neste momento, no Prumo, símbolo do 1º Vig.’.. É um ponto de transição, isto é, o movimento de um local no espaço para outro ou, ainda, de uma ideia para outra.
Os antigos diziam que é um momento mágico que enseja grandes transformações. Como é sabido, estamos entrando no signo de Libra, da Balança, a representação do equilíbrio e da justiça. Nesta balança, para que lado dos pratos deixaremos que penda o nosso EU interior?
É o momento, Ser.’. G.’. M.’. e caros Irmãos, de lutarmos para que nos afastemos cada vez mais do caminho do materialismo e nos envolvamos no caminho do espírito, do engrandecimento de nossa alma que é a razão de ser de nossa alegria de viver.
Portanto, vamos olhar o porvir com grande entusiasmo, colocando toda nossa força e vontade em prol da construção de um mundo melhor. O Outono e o Inverno passaram, Deixaram para trás a escuridão, o caminho da morte simbólica. Agora, quando celebramos a chegada da Primavera com todos os seus significados maçônicos, a luz crescente do Sol – que é a representação do nosso grande mestre Hiram Abiff – ensejará o crescimento da personalidade e o despertar de nossa consciência para o que realmente interessa em nosso caminhar dentro de nossa sublime Ordem.
Neste percurso, que se iniciou no dia em que fizemos nosso juramento como Aprendizes, devemos sempre nos perguntar: qual deve ser nossa contribuição à sociedade, ou, ainda, o que a sociedade espera de nós maçons e da Maçonaria?
Quanto à pandemia, que parece arrefecer, pouco podemos fazer senão seguir as recomendações das autoridades sanitárias, incentivar nossos semelhantes a fazer o mesmo e torcer para que a ciência descubra novas formas de combater este terrível mal.
Mas, há muito mais a fazer!
Temos consciência da grave crise político-institucional porque passa nosso país, com o estado de direito constantemente ameaçado, com a economia à deriva como uma nau sem rumo, com assustador índice de desemprego que anda de mãos juntas com o crescimento da pobreza, sem contar com a inflação cujas garras agravam mais ainda o sofrimento e o desamparo das famílias mais pobres. Como maçons e como cidadãos brasileiros temos que contribuir para a reversão desse estado de coisas. Os ideais humanistas de liberdade, igualdade, fraternidade que norteiam os rumos da maçonaria moderna – plantados que foram, sabiamente, por nossos antecessores no Sec. XVIII em sua luta contra o absolutismo e na busca por uma sociedade democrática mais justa e equânime – continuam sendo nossa bandeira no Sec. XXI.
Assim, Ser.’. G.’. M.’. e caros Irmãos, na “terra” entumescida de nossas consciências nesta Primavera que inicia, aquecida pela luz do Sol que caminha para seu apogeu, permitamos que germinem as sementes da ESPERANÇA por um mundo mais justo, da CARIDADE para que amparemos aqueles que não tiveram a mesma oportunidade que nós e que vivem momentos de muita penúria e FÉ no G.A.D.U. rogando-Lhe que nos guie nas sendas da LUZ para nosso crescimento espiritual e para que “reine entre nós a igualdade justa e perfeita”. Deve ser para nós, como me referi em outro texto, a manifestação do homem verdadeiro que é a Pedra Cúbica perfeita. Permitamos também que germinem a semente da TOLERÂNCIA para que possamos melhor entendermos uns aos outros em nossa irmandade, fortalecendo, destarte, nossos laços fraternais.
Eram essas, Ser.’. G.’. M.’. e amados Irmãos, minhas breves palavras para o dia de hoje. Rogo ao G.D.A.U. que os guarde sempre.
Ninguém segura a Primavera!
Salvador, 18 de setembro de 2021